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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
A VERDADE NUA E CRUA, CEL. MARIO SERGIO DUARTE
Recebi algumas críticas, ainda que não diretamente – apenas fiquei sabendo por amigos – relacionadas ao meu artigo sobre a participação da PM no programa Esquenta, da Regina Casé, no qual ex-traficantes (sic) hoje recuperados (sic) pelo AfroReggae são integrantes praticamente fixos. Asseguram alguns que eu não estou dando uma segunda chance para homens que um dia esconderam cadáveres, torturaram, mataram, em nome da venda de drogas. Os tais do AfroReggae decidiram abrir mão de portar suas armas cheias de marcas para se tornarem artistas, modelos, todos devidamente aureolados e prontos para a canonização da sociedade. E eu era o intransigente que não tolera o perdão. Aquele que é implacável, que julga a todos com o sangue nos olhos. Na verdade, nada tenho contra a ressocialização de criminosos que tenham acertado suas contas com a Justiça. Creio ser uma necessidade, principalmente em um país marcado pela desigualdade e por um passado em que a violência armada gerou uma subcultura do narcotráfico. Sim, é preciso dar uma segunda chance. E uma segunda chance que não dê abertura para uma terceira chance. Agora, falando em segunda chance, eu convidaria o AfroReggae e seus seguidores a se engajarem numa nova campanha: uma segunda chance para o capitão Dennis Bizarro. Como todos devem lembrar, Bizarro, em 2009, se envolveu no triste episódio da morte de um integrante do AfroReggae, e mesmo sem ser o assassino, ganhou mais destaque do que aqueles que apertaram os gatilhos. Foi acusado de prevaricação por ter liberado os assaltantes, condenado e pagou sua dívida com sociedade. No entanto, apesar de já ter pago sua dívida – ao contrário de alguns “ressocializados” que vemos por aí – o capitão Bizarro continua tendo sua expulsão cobrada insistentemente. Continuam querendo que ele não trabalhe; que fique eternamente na “geladeira”; que ele seja mandado para os círculos mais inferiores do Inferno de Dante. Vejam, por exemplo, esta reportagem de O GLOBO de quando o capitão foi movido para um cargo absolutamente burocrático no Colégio da Polícia Militar: Capitão Bizarro, do caso AfroReggae, trabalha agora em colégio da PM
O QUE SAIU NO JORNAL:
VERA ARAÚJO Publicado: 27/07/11 - 0h00 Atualizado: 27/07/11 - 0h00 RIO - Foi parar na escola o capitão da PM Dennys Leonard Nogueira Bizarro, flagrado por câmeras de segurança no Centro, quando passava de carro da polícia em frente ao banco onde o coordenador social do AfroReggae, Evandro João da Silva, agonizava após sofrer um assalto, em 17 de outubro de 2009. Não que o policial tenha voltado aos bancos escolares para passar por reciclagem, após ter sido condenado por prevaricação no episódio. Na verdade, ele saiu das ruas para trabalhar no Colégio da Polícia Militar, que atende exclusivamente aos 400 filhos de PMs, do 1º ao 9º anos, entre 7 e 15 anos de idade. Na época do crime, Bizarro e o cabo Marcos de Oliveira Sales foram acusados de liberar os assaltantes que mataram o coordenador do AfroReggae e de ainda terem ficado com o par de tênis e o casaco roubados da vítima. Os dois foram condenados por prevaricação (retardar ou deixar de praticar ato de ofício para satisfazer interesses pessoais), com suspensão condicional de pena por dois anos. Eles chegaram a ser presos administrativamente na ocasião, mas aguardaram o julgamento trabalhando no 13º BPM (Tiradentes). Segundo a assessoria da PM, os dois cumpriam apenas funções administrativas mas, com a extinção do quartel, Bizarro acabou transferido para o Colégio da PM, no Fonseca, em Niterói. O corpo docente do colégio é formado, em sua maioria, por policiais com formação superior, que deixam de trabalhar na tropa ou em serviços de rua para dar aulas aos filhos de policiais. Embora, a assessoria garanta em nota que "o capitão não terá nenhum contato com os alunos", não representando, assim, num mau exemplo aos estudantes. O capitão atuará em serviços burocráticos na secretaria da escola e poderá circulará por áreas comuns entre alunos e professores. A assessoria da PM ressaltou ainda que o colégio também será extinto. Para não prejudicar os alunos, a instituição funcionará até o fim do ano, quando se transformará na Escola de Sargentos da PM, destinada a formar graduados. Provavelmente, o capitão vai continuar em atividades internas, desta vez lidando com suboficiais. Até lá, Bizarro ainda responde ao Conselho de Justificação na Corregedoria Geral Unificada (CGU), que vai avaliar se ele será expulso da corporação. Em seguida, o processo será enviado ao secretário de estado de Segurança, José Mariano Beltrame. Se ele decidir pela exclusão do PM do quadro da corporação, a decisão final caberá ao Tribunal de Justiça. A PM acrescentou que o capitão cumprirá, ainda sem data definida, punição administrativa de 30 dias de prisão. A corporação justifica a decisão de transferir Bizarro para o Colégio da PM, argumentando que o quartel da Praça Tiradentes vai se transformar numa companhia destacada, cujo efetivo atuará nas ruas. Como o capitão não pode ir para esse tipo de atividade, a solução foi mandá-lo para o colégio. O julgamento dos dois PMs ocorreu em dezembro passado. Na sentença, a juíza Ana Paula Figueiredo Barros, da Auditoria Militar, ressaltou que, no caso do capitão, "levando em consideração que se trata de um policial que deveria dar exemplo ao subordinado, ficou claro que deixou de atuar de acordo com as atribuições normativas e instruções que recebe".
A proposta que faço, então, é esta: juntos, AfroReggae, O Globo e demais parceiros, dêem uma segunda chance ao capitão Bizarro. Ora, se entendemos que é fácil ressocializar e perdoar assassinos sem que eles passem um dia sequer na cadeia, por que não perdoar um policial que pagou pelo seu erro? Que demonstrem, enfim, essa capacidade de perdão com um policial que é tão simples; que chegava a vender produtos cosméticos para complementar sua renda. Ou façamos assim, ou eu direi que bizarro mesmo é perdoar assassinos e perseguir policiais honestos pelo resto da vida. Coronel Mário Sérgio de Brito Duarte Caveira 37 do BOPE
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