Otzi, o homem pré-histórico que morreu nos Alpes italianos, tinha intolerância à lactose, olhos castanhos e predisposição a doenças cardiovasculares
Cientistas realizaram o primeiro sequenciamento completo do genoma de Otzi, uma múmia conservada no gelo dos Alpes Italianos por cerca de 5.300 anos e encontrada em 1991 por alpinistas alemães. O novo estudo, publicado na revista Nature Communications dessa semana, revelou novos detalhes sobre o homem de 45 anos que morreu atingido por uma flecha nas montanhas.
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OTZI
Otzi foi encontrado por um casal de alpinistas alemães em uma geleira dos Alpes de Ötztal, na fronteira da Áustria com a Itália, em 1991. O homem, morto por um ferimento no ombro causado por uma flecha, já estava mumificado há 5.300 anos. Otzi — nome dado em homenagem ao local em que foi encontrado — viveu no período conhecido como Idade do Cobre, situado cronologicamente entre o Neolítico e a Idade do Bronze, o que compreende os anos entre 2.500 e 1.800 a.C.
Cooper Age/Getty Images
Desde que foi descoberto, Otzi tem sido estudado em detalhes por pesquisadores, que já coletaram dados do estômago, intestino e dentes da múmia, a fim de entender os homens europeus que viviam naquela época. Mas, pela primeira vez, o seu perfil genético foi completamente reconstituído, revelando olhos castanhos, intolerância à lactose e uma predisposição a doenças cardiovasculares.
"Ele está mais relacionado às populações modernas de Córsega e Sardenha do que à área continental da Itália mais ao sul", disse à Agência Reuters Angela Graefen uma das autoras do estudo. "Mas isso não quer dizer que ele veio dessas regiões. É mais plausível que seus antepassados sejam da primeira leva de migrantes provenientes do Oriente Médio."
A análise genética revelou predisposição à arteriosclerose e a doenças cardíacas, condições que pareciam mais ligadas a fatores de risco modernos, como o tabagismo, o alcoolismo e a obesidade.
A pesquisa ajudou a revelar que homem pré-histórico tinha sangue do tipo O e foi também o primeiro portador conhecido da doença de Lyme, uma infecção bacteriana transmitida por carrapatos. "Pode ser que a genética acrescente mais do que imaginávamos sobre as condições modernas", afirmou Graefen.
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