Seguidores

caveiras contadoras

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

LILITH, A PRIMEIRA MULHER DE ADÃO

LILITH, A SERPENTE: O LADO ESCURO DA LUA



Além de uma deusa proscrita, como a conhecemos, Lilith representa a cisão do
feminino, tanto no nível individual como coletivamente, onde a liberdade, a
instintividade e a expansão da consciência devem submeter-se à dominação e
aos tabus vigentes. Sendo assim, tais buscas de evolução - naturais e
atávicas - no campo da experiência humana, acabaram por ser reprimidas com
violência, restando apenas a tais conteúdos a opção de atuarem nas sombras
do inconsciente.


A Lua Negra ou Lilith, aparece em vários mitos. Sem dúvida, o mais conhecido
é o judaico, que a coloca como a primeira mulher de Adão. Segundo consta,
nasceu do mesmo material que seu companheiro; o pó da terra, sendo, assim,
sua igual. Reclamou então seus direitos, afirmando serem os mesmos que os do
parceiro, negando, desta forma, a supremacia masculina e recusando-se ainda
aos papéis mais convencionais e submissos, como ficar sob o parceiro durante
o ato sexual e a maternidade.

Foi assim que a deusa proferiu o inefável nome de Deus e fugiu do Paraíso.
Adão recebeu então a submissa Eva; feita a partir de sua costela, e,
portanto, conformando-se com a autoridade dele.

Outra variação do mito diz que Lilith habitava o Éden antes mesmo de Adão e
que foi ela que o originou. Antes de estar plenamente desenvolvida,
insurgiu-se contra a união de Adão e Eva, copulou com a Serpente e abandonou
o Paraíso, havendo ainda a variação de ter ela própria se transformado em
Serpente e chamado Adão e Eva à perdição.

Após deixar o Éden, percorre, errante, caminhos sinistros, enlameados,
interagindo com os demônios.

Deus mandou seus anjos que a chamassem de volta, mas Lilith recusou-se,
dizendo ser tarde demais. Fez então um trato com os anjos de respeitar os
locais guardados por seus nomes sagrados.

Lilith foi para o deserto, de terras vermelhas, e, mais tarde, subiu aos
céus, onde tentou entrar encantada com os pequenos rostos, dos Querubins.
Deus, porém, a expulsou, ordenando-a que voltasse à Terra, onde seria seu
instrumento de punição, para seduzir mortais bem como assassinar crianças.
Dizem, também, que no dia da Reconciliação, a deusa "guincha" em altos
brados, para que seus gritos cheguem aos céus.

Para invocá-la ou neutralizá-la, os antigos habitantes da Tessália golpeavam
caldeirões de bronze ou tocavam címbalos. Invocavam-na largamente para
acalmar ou deliberar as energias sexuais, aumentar o desejo, o prazer, e
diminuir a fertilidade.

A Serpente, sempre presente, alude à antiga analogia do início dos tempos, o
uroboros, a deusa-mãe, as profundezas fluidas do inconsciente, sobre as
quais não temos controle algum e, tal como o próprio Zeus, devemos
respeitar. Sua fuga ao deserto vermelho é o próprio caminho de individuação,
onde rompemos com tudo o que nos traz segurança, confiando apenas na
supremacia da mente, um movimento de separatividade e convicção interna, que
como para Lilith, não pode ter retorno.

Como assassina de crianças, representa a capacidade e premência de
estrangular a infantilidade e as ilusões sem fundamentos, em nome do
amadurecimento. Seu potencial sedutor é o inconformismo, a revolta inerente
à espécie humana que quer sempre mais, mesmo aquilo que não pode ter, os
desejos gritantes, com seus ressentimentos, desesperos e auto-traições.

Trata-se sempre da conexão com os desejos, os instintos, o lado sombrio da
vida, as armadilhas e o crescimento em que implicam. Segundo Jung, se o
despertar da Lilith pode ser trágico para uma pessoa despreparada, é uma
prerrogativa à individuação.

No Egito, correlaciona-se com a deusa Ísis, freqüentemente representada com
cauda de serpente, soberana dos partos, do amor sensual, da morte e dos
renascimentos. Chamada "Rainha do Céu", esta deusa lunar era invocada nos
ritos de magia e feitiçaria. Com seu poder ímpar restituiu à vida seu irmão
e amante Osíris, morto no inferno por seu irmão-sombra Set.

Na Grécia, correlaciona-se com a deusa Hécate, soberana da magia lunar da
morte e do nascimento, dos ritos mágicos, dos encantamentos e do destino.
Com três faces, esta deusa está presente em cada fase, cada encruzilhada do
caminho, desde os momentos de mais luz até os de mais escuridão, aumentando
o senso de convicção interna, o propósito ou a compulsão de seguir os
próprios desejos e crenças, e a coragem de cortar com tudo a que nos
vinculamos, em nome desta jornada.

Filha de Hera, foi testemunha direta e emocionalmente distanciada do rapto
de Perséfone, ainda na infância. Esta antiqüíssima divindade roubou de sua
mãe um pote de carmim; precisou então fugir de sua mãe que ficou furiosa.
Deixou o Olimpo e foi para a Terra, assistiu um parto e tornou-se impura,
precisando descer aos infernos para ser purificada. Nas regiões abissais,
tornou-se Rainha e presidia os ritos de purificação e expiação. Tinha o
poder de enviar demônios para atormentar a humanidade durante seus sonhos.
Podia também negar ou conceder qualquer desejo aos mortais. Cérbero, o cão
de três cabeças, guardião da porta do inferno, era seu animal de estimação e
as Erínias (deusas do Destino), suas companheiras.

Os gregos colocavam suas estátuas nas encruzilhadas onde houvesse ocorrido
um crime. A ela, também, a feiticeira Medéia rendia homenagem para
purificar-se de seus delitos e receber proteção em sua jornada.

Essa deusa virgem é auto-erótica e tem ainda o dom de envenenar seus
adversários, podendo castrá-los ou iniciá-los, conferindo poder ou
estagnação. Com sua magia, toca de maneira singular na superfície e nas
profundezas. Na maioria das vezes seus ritos encenados em nossas vidas são
ininteligíveis por nosso raciocínio.

Enquanto as deusas femininas presidem algum tipo de relacionamento, Lilith
evoca a separação em nome do resgate e priorização das buscas individuais.
Sua oposição a Eva nos sugere que sua sustentação depende somente de si
mesma, seu fortalecimento, seus dons de magia e seu poder de co-criadora,
jamais dos referenciais de relacionamento ou da submissão aos códigos
externos.

O resgate deste arquétipo é, portanto, o ponto crucial que nos acompanha não
uma, mas várias vezes na vida, com seus momentos de desconexão com os
parâmetros exteriores que em algum momento nos emprestaram segurança, a
negação e a fuga destes parâmetros, a solidão e o desolamento a que nos
remetem a experiência, a clarificação e a estruturação de nossos valores
internos no deserto, e a reconquista de nosso poder e plenitude pessoais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ULTIMAS POSTAGENS

Postagens populares

Seguidores

Total de visualizações de página

Arquivos do blog

A TERRA E A LUA AGORA

Minha lista de blogs