Dentre as famílias que ingressaram na luta armada, uma delas, a "José de Carvalho", destacou-se pela violência dos cinco irmãos, Daniel ("Josué"), Derly ("Rui", "Alonso", "Antonio"), Devanir ("Henrique", "Justino", "Heitor"), Jairo ("Paulo") e Joel ("Gilberto", "Alberto"), apelidados, pela própria esquerda, de "Irmãos Metralha".
Os cinco, descontentes com os rumos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), muito "pacífico" segundo eles, participaram do grupo que, em meados de 1966, deu origem à Ala Vermelha do PCdoB.
Em 1968, a AV/PCdoB criou o Grupo Especial Nacionalista Revolucionário (GENR), a fim de iniciar as ações violentas. E, é claro, lá estavam os "Irmãos Metralha".
A partir de fevereiro de 1968, o GENR iniciou a sua longa série de ações armadas em São Paulo, das quais pode-se relacionar:
- 08 Fev: 1º assalto ao carro-pagador do Banco da Lavoura de Minas Gerais, em Mauá, com o roubo de Cr$ 23.279,00;
- Mai: assalto ao Banco Francês e Italiano, com o roubo de centenas de milhares de cruzeiros, muito dinheiro para a época;
- 03 Jun: 2º assalto ao carro-pagador do Banco da Lavoura de Minas Gerais, em Capuava, com o roubo de Cr$ 87.200,00;
- 29 Jul: assalto ao Banco Nacional de Minas Gerais, em Guarulhos.
Além desses assaltos para obter fundos, pode-se citar dezenas de carros roubados, utilizados nas atividades "revolucionárias" da organização.
Enquanto que Devanir era o mais violento, Derly era o mais intelectual. Ambos, no início de Fev 69, participaram, com mais 15 militantes, de uma reunião realizada num sítio próximo a São José dos Campos, em São Paulo, na qual a Ala Vermelha deixou de considerar-se como uma ala do PCdoB, assumiu o foquismo e constituiu-se numa nova organização militarista independente, agora oficialmente denominada de Ala Vermelha (AV). Derly, por seu preparo marxista, foi eleito um dos onze membros da Direção Nacional Provisória (DNP) e um dos cinco integrantes da Comissão Executiva Nacional (CEN).
Estruturada e com o nome definido, o GENR/AV reiniciou a sua série de ações armadas em São Paulo, no 1º semestre de 1969:
- 15 Mar: seqüestro do soldado da FPESP Vandeir Gomes, a fim de que três militantes, que estavam em um Volks roubado, pudessem escapar de uma vistoria de carros em Osasco;
- 17 Mar: assalto ao Banco F. Barreto, em Osasco, com o roubo de NCr$ 8.486,50;
- 24 Mar: assalto frustrado ao carro-pagador do Banco Francês-Italiano para a América do Sul, na Rua Manoel da Nóbrega;
- 07 Abr: assalto ao Banco Francês-Italiano, na Avenida Utinga, em Santo André, com o roubo de NCr 17.396,00;
- 01 Mai: invasão e tomada da Rádio Independência de São Bernardo do Campo, quando, numa atividade de propaganda armada, fizeram a transmissão de uma fita de 25 minutos gravada por Derly José de Carvalho, a propósito do Dia do Trabalho;
- 05 Mai: assalto ao Banco de Crédito Nacional, na Rua Pacaembu, na Vila Paulicéia, em São Bernardo do Campo, quando roubaram NCr$ 248 mil; durante a ação, feriram, com coronhadas na cabeça, um guarda bancário e trocaram tiros com a segurança da Fábrica Mercedes Benz, localizada ao lado da agência;
- 14 Mai: ato de sabotagem contra a Empresa de Ônibus Jurema, no Jardim Santo Amaro, com o lançamento de "coquetéis molotov" e o disparo de rajadas de metralhadora.
Das ações desse período, entretanto, pode-se destacar, como o mais sangrento, a de 14 Abr 69, quando Daniel, Derly e Devanir participaram do assalto a um carro-pagador do Banco Francês-Italiano para a América do Sul, na Alameda Barão de Campinas, com o roubo de 20 milhões de cruzeiros antigos e o assassinato do motorista, Francisco Bento da Silva, e do guarda bancário, Luiz Ferreira da Silva.
A violência desmedida do GENR, encarnada nos "Irmãos Metralha", e a constante requisição de privilégios dentro da organização ocasionaram sérias divergências entre esse grupo e a DNP/AV.
Em meados de maio de 1969, a DNP realizou uma reunião numa casa localizada no Boqueirão da Praia Grande, em Santos, na qual a quase totalidade dos membros do GENR foi expulsa da AV, acusada por seu extremado caráter militarista e por não acatar as ordens da CEN.
A desgraça não veio pela metade. Alguns dias depois, em 26 Mai 69, foram presos oito dos militantes expulsos da AV, dentre os quais quatro dos "Irmãos Metralha": Daniel, Derly, Jairo e Joel. Como uma pequena amostra da violência, foram encontrados em seus "aparelhos": 91 "bananas" de dinamite, pequena quantidade de enxofre, clorato de potássio, nitrato de sódio, glicerina e pólvora, seis rolos de estopim, vários revólveres de diferentes calibres, grande quantidade de munição e um transmissor-receptor.
"Desempregados" e sem conseguirem permanecer em paz, os cerca de uma dezena de militantes expulsos resolveram reiniciar os assaltos, agora sob a temporária denominação de "Grupo do Devanir", o único irmão restante.
Depois de assaltar o carro-pagador do Banco da América do Sul, perto da Avenida 23 de Maio, com o roubo de cerca de 50 mil cruzeiros novos, o "Grupo do Devanir", em frente com a VAR-P e o "Grupo do Gaúcho" (grupo liderado por Plínio Petersen Pereira, expulso da AV no ano anterior), assaltou, na tarde de 23 Jul 69, o Bradesco da Rua Turiaçu, no bairro das Perdizes, que redundou no roubo de NCr$ 6,8 mil e no assassinato, com cinco tiros, do Sd PM Aparecido dos Santos Oliveira.
Ainda junto com o "Grupo do Gaúcho", mas agora com a participação da Resistência Democrática (REDE), o "Grupo do Devanir" assaltou, em 08 Ago 69, a agência da Light na Rua Siqueira Bueno, no bairro do Belém, com o roubo de NCr$ 14.557,00.
Em meados de Set 69, Devanir e seus asseclas compareceram a uma reunião em Campos de Jordão, a fim de decidirem se iriam formar uma nova organização ou se ingressariam na Vanguarda Armada Revolucionária - Palmares (VAR-P). Mais de uma dezena de militantes ingressaram na VAR-P e outros tantos - dentre eles Devanir - juntaram-se com o "Grupo do Gaúcho", de Plínio Petersen Pereira (que desligara-se da AV no ano anterior), e fundaram, nesse mesmo mês, o Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT).
Nessa nova organização, Devanir pôde livremente desenvolver seus apetites pela violência, com mais de duas dezenas de assaltos realizados em poucos meses.
Na madrugada de 06 Out 69, foi executada uma tentativa de assalto ao Supermercado Peg-Pag da Avenida Américo Brasiliense, em Santo Amaro, pela frente constituída pela REDE e pelo MRT. Devanir, o "Henrique", agora líder do MRT, havia comprado, dias antes, um caminhão Ford 48 onde pretendia transportar o cofre do supermercado. O caminhão, transportando areia e pneus velhos, tinha sido preparado para receber o impacto do cofre que seria atirado de uma janela do andar superior. De madrugada, quando a equipe de assaltantes dirigia-se para a área, o Volks dirigido por "Henrique" e guarnecido por Mocide Bucheroni ("Décio") e Ismael Andrade dos Santos ("Rogerio"), ambos da REDE, foi interceptado por uma viatura da rádio-patrulha (RP-208) que fazia o policiamento rotineiro. "Henrique" estacionou o veículo, sacou seu revólver .38 e aguardou. Quando o soldado da FPESP Abelardo Rosa de Lima, mais conhecido como "Rosani", casado e com uma filha menor, se aproximou da porta do motorista para pedir documentos, recebeu um tiro no peito. Bucheroni, complementando o serviço, saiu do carro e disparou uma rajada de metralhadora contra a vítima já agonizante e outra contra a viatura da rádio-patrulha. Da ação, que aumentou o rol das vítimas fatais do terror, participaram, também pela REDE, Eduardo Collen Leite ("Bacuri", "Basilio") e Walter Olivieri ("Daniel"). Pelo MRT, além de Devanir, Plínio Petersen Pereira ("Gaúcho", "Omar", "Marcos", "Raul", "Alex", "Guilherme", "Velho")
Waldemar Andreu ("Nestor", "Décio") e Armenio de Souza Rangel ("Rui", "Jair", "Américo").
No início da tarde de 14 Nov 69, a REDE - com "Bacuri", Walter Olivieri, Denise Peres Crispim ("Celia") e Elias Marijas Júnior ("Silvio", "Odilon") - e o MRT - com Devanir, Plínio Petersen e Waldemar Andreu - prosseguiram espalhando a morte e o terror. Assaltaram um táxi DKW, que havia sido contratado pelo Bradesco da Lapa para transportar dinheiro do INPS da Rua Venancio Aires, na Água Branca, com o roubo de NCr$ 30 mil. Mataram o guarda Orlando Girolo e feriram Eugenio Lopes Padilha, dos quais levaram os revólveres. Na fuga, perseguidos por segurança bancários, Devanir, que dirigia um Volks e levava "Bacuri" e Denise, atropelou um pedestre e, ao fazer uma curva em alta velocidade na Rua Padre Chico com a Barão do Bananal, bateu na trazeira de um caminhão de entregas da Coca-Cola. Impedido de prosseguir, o famigerado trio retirou, sob a ameaça das armas, o motorista de um carro que vinha atrás, dele apossando-se e completando a fuga.
Para encerrar o ano de 1969 com audácia, o MRT de Devanir, em frente com a ALN, a REDE e a VPR, realizou dois assaltos simultâneos ao Banco Itaú-América e ao Banco Mercantil de São Paulo, localizados na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio, com o roubo de um total de quase 70 mil cruzeiros novos.
O ano seguinte, 1970, foi a concretização dos sonhos de Devanir: roubar e matar. No MRT, pôde ele destilar o ódio que sentia pelo governo militar, que insistia em manter seus quatro irmãos na prisão. Foram dezenas de ações armadas dessa pequenina mas violenta organização em São Paulo, aqui relacionadas apenas as principais:
- 14 Jan: o MRT e a ALN assaltaram o carro-pagador do Banco Itaú, na Rua Dr Arnaldo;
- Fev: o MRT e o POC assaltaram um banco na Lapa, com o roubo de NCr$ 7 mil;
- 19 Fev: o MRT e o POC assaltaram a Caixa Econômica Federal, agência da Rua Joaquim Floriano, no Itaim-Bibi, em Pinheiros, com o roubo de NCr$ 45 mil;
- 27 Fev: o MRT, a ALN e a REDE assaltaram o estacionamento SIDCAR, na Rua Afonso Sardinha, 501, com o roubo de três Vw que seriam usados no seqüestro do cônsul do Japão;
- 11 Mar: o MRT, a VPR e a REDE seqüestraram o cônsul do Japão na Praça Buenos Aires (ver "Recordando a História", "O Seqüestro do Cônsul do Japão");
- 25 Mar: o MRT, a ALN, a REDE, o POC, a VPR e o pequenino Movimento Revolucionário Marxista (MRM) assaltaram o Banco Itaú-América, agência da Rua Guaiapá, 420, na Vila Leopoldina, com o roubo de NCr$ 5 mil. Durante o assalto, aproximou-se do banco um carro-forte da Brink's. Fábio Oscar Marenco dos Santos ("Emilio", "Carlos", "Fabinho"), militante do POC, ficou assustado e fugiu com um Volkswagen da ação. Refletindo sobre as conseqüências de seu ato, Fábio resolveu retornar ao local para verificar o que ocorrera. Foi interceptado pelo carro de Devanir que lhe informou que os assaltantes tinham fugido a pé. Devanir, com a experiência de muitas ações anteriores, tinha rendido um dos guardas do carro-forte e facilitado a fuga da "gang";
- 02 Mai: o MRT, a ALN, a REDE e o MRM assaltaram o depósito da Companhia de Cigarros Souza Cruz, na Avenida Lins de Vasconcelos, 3329, no Cambuci, com o roubo de NCr$ 120 mil; na ação, Eduardo Collen Leite ("Bacuri", "Basilio", "Rafael") assassinou o guarda de segurança João Batista de Souza;
- 26 Mai: o MRT, a ALN, a REDE e a VPR assaltaram o Banco do Brasil, agência da Avenida Jabaquara, 424, perto da Vila Mariana, com o roubo de NCr$ 180 mil; dez militantes impediram o trânsito e, antes de entrarem na agência, realizaram diversos disparos de intimidação; na fuga, seqüestraram o gerente, soltando-o logo depois;
- 11 Jul: o MRT e a ALN assaltaram o carro-pagador da Cooperativa de Consumo da Lapa, em frente à agência do Banco Nacional de Minas Gerais, na Rua Nossa Senhora da Lapa, com o roubo de NCr 106 mil; nessa ação, por determinação da ALN, "Bacuri" atirou contra dois militantes da própria organização, que haviam solicitado para não mais realizarem assaltos; Ari da Rocha Miranda ("Miguel") foi morto e enterrado por "Bacuri" na Estrada de Embu-Guaçu; Wilson Conceição Pinto ("Justo", "Jonas"), mesmo seriamente ferido, conseguiu fugir e entregou-se às autoridades;
- 28 Jul: o MRT, a VPR e o MRM assaltaram a garagem da CMTC na Avenida Imperatriz Leopoldina, perto da CEASA, com o roubo de uma Kombi que transportava NCr$ 40.998,00;
- 07 Set: o MRT, a ALN e a VPR realizaram várias ações de propaganda armada, a respeito do Dia da Independência; dentre elas, panfletagens em vários pontos da cidade e soltura de balões nos lugares mais ermos, com placas de isopor penduradas, contendo palavras-de-ordem comunistas;
- 15 Set: o MRT, a ALN e a VPR assaltaram um carro-forte da Brink's, na esquina da Rua Estados Unidos com a Rua Ouro Branco, no Jardim América, com roubo de NCr$ 480 mil; interromperam o trânsito, tirando as chaves de alguns carros que trafegavam no local; desfecharam seguidas rajadas de metralhadoras contra o carro-forte, ferindo gravemente os guardas de segurança Meyer Ramos dos Santos e Adilson Moraes e Silva;
- 14 Dez: o MRT, a ALN, a REDE, a VPR e a MRM realizaram um frustrado assalto a um outro carro-forte da Brink's, na Rua Paraíso, próximo à Praça Oswaldo Cruz; do mesmo modo que o assalto anterior, dispararam diversas rajadas de metralhadoras; o carro-forte, entretanto, arrancou em alta velocidade e conseguiu escapar do bloqueio; mesmo assim, dois guardas foram baleados e ficaram seriamente feridos: Moacir Rodrigues de Lima e Bertolino Ferreira de Souza.
Logo no início de 1971, em 13 Jan, Devanir alegrou-se quando soube que seus quatro irmãos presos faziam parte dos 70 militantes comunistas banidos para Santiago do Chile, em troca da vida do embaixador da Suíça. Passou a esperar que, em curto prazo, os "Irmãos Metralha" pudessem assaltar juntos novamente.
Mais confiante e no embalo do ano anterior, Devanir e seu MRT iniciaram o ano de 1971 dispostos a prosseguir com a trilha de sangue:
- 14 Jan: o MRT, a ALN, a VPR e a Organização Partidária Classe Operária Revolucionária (OPCOR) - novo nome do MRM - realizaram mais um assalto frustrado a um carro-pagador do Banco Itaú América, na Avenida Dr Arnaldo, no Sumaré; mais uma vez, o carro acelerou e furou o bloqueio;
- 18 Jan: num ato de vingança, o MRT e a ALN atacaram um estacionamento da Avenida Água Branca, 337, com rajadas de metralhadoras e coquetéis molotov jogados contra uma pequena casa; roubaram um Volks e diversas placas de automóveis; ficou ferido um motorista, vítima inocente;
- 22 Jan: o MRT, a ALN, a VPR e a OPCOR assaltaram uma Kombi que transportava valores do Banco Andrade Arnaud, na Rua Lavapés, no Cambuci, com roubo de cheques, uma carabina e dois revólveres;
- Jan: o MRT e a ALN assaltaram o Supermercado Pão de Açúcar, na Rua São Gabriel, em Santo Amaro;
- 30 Jan: o MRT, a ALN e a OPCOR assaltaram o Supermercado Pão de Açúcar da Rua Maestro Elias Lobo, 1031, no Jardim Paulista, com o roubo do cofre com NCr$ 15 mil;
- 30 Jan: o MRT, a ALN, a VPR e a OPCOR assaltaram o Supermercado Peg-Pag da Rua São Gabriel, em Santo Amaro, com o roubo de NCr$ 4,5 mil e seis litros de whisky;
- 04 Fev: o MRT, a ALN e a OPCOR assaltaram o Supermercado Pão de Açúcar da Rua São Gabriel, esquina com a Rua Maestro Elias Lobo;
- 06 Fev: o MRT e a ALN assaltaram o Supermercado Fioreto, na Rua Silva Bueno, 373, no Ipiranga, com o roubo de NCr$ 8 mil;
- 10 Fev: o MRT, a ALN, a VPR e a OPCOR assaltaram a Metalúrgica Mangells Industrial, na Avenida Presidente Wilson, 1886, no Ipiranga, com o roubo de NCr$ 270 mil, duas carabinas e um revólver;
- 19 Fev: o MRT assaltou a firma de máquinas tipográficas "Autêntica - Equipamentos e Máquinas", na Estrada do Vergueiro, 5520, com o roubo de uma "off-set", uma copiadora, 60 caixas de matrizes e produtos químicos, num valor estimado de NCr$ 100 mil;
- 06 Mar: o MRT e a ALN assaltaram o Banco do Comércio e Indústria localizado no interior da Indústria de Aço Villares, na Estrada do Vergueiro, 2.000, em Rudge Ramos, com o roubo de NCr$ 80 mil;
- 29 Mar: o MRT e a ALN realizaram dois assaltos simultâneos: um, à "Joalheria Milton Bottura e Miranda", na Rua Oscar Freire, 2563, esquina com a Rua Amália Noronha, com roubo de NCr$ 300 mil; o outro, à "Joalheria Divina", na Rua Amália Noronha, 181, perto do Alto do Sumaré, com o roubo de NCr$ 150 mil em jóias e relógios da marca "Rolex";
- 30 Mar: o MRT, a ALN e o MR-8 tentaram executar uma ação que, segundo eles, ganharia repercussão internacional e "comemoraria" a data dos 7 anos da Revolução de Março: a explosão, por dinamite, da ponte sobre o Rio Tietê, no bairro do Jaguaré; interditaram as duas extremidades da ponte, soltaram panfletos e dispararam contra carros e ônibus que passavam, ferindo o motorista Carlos Toshiako Kawaara; tomaram as chaves de quatro automóveis e as jogaram no rio, roubando-lhes as placas; finalmente, retiraram-se deixando uma carga explosiva que destruiria a ponte; entretanto, por uma falha no dispositivo de acionamento, a bomba não explodiu.
Passado o aniversário da Revolução, o MRT pretendia continuar com a sua tresloucada série de crimes. Entretanto, a ação dos órgãos de segurança impediu o surgimento de mais vítimas inocentes.
Em 03 Abr 71, foram presos os militantes do MRT Antonio André Camargo Guerra ("Marcio", "Rafael", "Fernando", "Homero", "Alexandre") e Domingos Quintino dos Santos ("Camponês", "Juvêncio", "Anastácio", "Germano"). Seu "aparelho", na Rua Cruzeiro, 1111, na Barra Funda, foi ocupado pela polícia. Na manhã do dia 05 Jul, ao chegar no "aparelho", Devanir recebeu voz de prisão. Reagiu a tiros e morreu baleado.
O fim do "Henrique" acelerou o fim do MRT. Em 15 Abr, o MRT, numa ação de justiçamento e vingança pela morte de seu líder, assassinou, junto com a ALN, o industrial Henning Albert Boilesen (ver "Recordando a História", "O Assassinato de Boilesen"). Um mês depois, em 20 Mai, para conseguir dinheiro para as fugas, militantes do destroçado MRT realizaram a última ação armada dessa organização, assaltando o Banco do Comércio e Indústria de São Paulo, em Cubatão, com o roubo de NCr$ 58 mil.
A curta história do MRT confunde-se com a história de "Henrique", o Devanir José de Carvalho. Só ele, ao longo de sua trajetória de crimes no PCdoB, na AV e no MRT, cometeu mais de 30 assaltos e um seqüestro, além de, direta ou indiretamente, ter cometido seis assassinatos e causado dezenas de feridos. Na realidade, restrito à capital paulista, o MRT nunca passou de um bando armado, com pouco mais de uma dezena de militantes, orbitando em torno do "Henrique".
Dos quatro "Irmãos Metralha" banidos, dois deles, Daniel e Joel, estão na lista dos desaparecidos. Parcela da imprensa brasileira diz que, em 11 Jul 74, no Hotel Burnes, em Buenos Aires, Onofre Pinto, um dos dirigentes da VPR, despediu-se de sua mulher, Idalina, e viajou para São Paulo, junto com Daniel, Joel, Vitor Carlos Ramos e o argentino Enrique Ernesto Ruggia. No meio do caminho, os cinco comunistas teriam sido presos clandestinamente, mortos e enterrados num sítio próximo a Medianeira, no Paraná. Segundo alguns de nossos jornais, eles foram vítimas de uma tal de "Operação Condor".
Os dois últimos "Irmãos Metralha" tiveram melhor sorte.
O "intelectual" Derly é assessor da Associação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Autogestão (ANTEAG).
Jairo, por sua vez, vive em Paris e é dono de um restaurante de comida brasileira, especializado em feijoadas ...
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