Vida se paga com vida e sangue se paga com sangue. Esta frase de impacto encerra o ‘novo estatuto’ do PCC (Primeiro Comando da Capital). O documento chegou às mãos de seus integrantes no fim do mês passado, quando a facção completou 18 anos. A maior organização criminosa do país foi fundada em 31 de agosto de 1993, na Casa de Custódia de Taubaté.
O estatuto com oito páginas e 18 artigos foi lançado para se adequar à nova realidade do crime. O BOM DIA obteve com exclusividade uma cópia do documento. O conteúdo dessa ‘cartilha’ é a base da série ‘PCC - 18 anos’, que será publicada de hoje até o próximo sábado.
O último artigo do estatuto, que determina a postura dos integrantes diante das forças de segurança do Estado, é tema da primeira reportagem. O item 18 deixa bem explícito: ‘militantes estão liberados para matar’.
Trechos
“Quando algum ato de covardia, extermínio de vida ou extorsões que forem comprovadas estiverem ocorrendo na rua ou nas cadeias por parte dos nossos inimigos (agentes penitenciários ou policiais) daremos uma resposta à altura do crime”, diz um trecho.
“Se alguma vida for tirada com estes mecanismos pelos nossos inimigos, os integrantes do Comando que estiverem cadastrados na quebrada do ocorrido deverão se unir e dar o mesmo tratamento que eles merecem. Vida se paga com vida e sangue se paga com sangue”, completa.
Ataques
O antigo estatuto do ‘partido’, criado à época do nascimento da facção, não deixava explícito o tratamento a ser dado aos agentes e policiais.
A atualização, portanto, se fez necessária depois do maior atentado contra as forças de segurança do Estado de São Paulo, ocorrida entre os dias 12 e 20 de maio de 2006.
No Vale do Paraíba, aconteceram 38 casos de homicídio neste período. Dois policiais militares morreram durante as ações. Quinze das 39 cidades da região foram atingidas.
Foram registrados dois ataques a bases da PM, seis a delegacias, um à base da Guarda Municipal, dois a agências bancárias e 15 a ônibus.
Em São Paulo, aconteceram 493 mortes por armas de fogo e 47 suspeitos foram executados por policiais em supostas trocas de tiros, registradas como ‘resistência seguida de morte’.
Polícia
A Polícia Civil já teve acesso ao ‘novo estatuto’ do PCC e garante estar preparada para combater os criminosos da principal facção do país.
A PM, por meio da assessoria de imprensa, informou desconhecer o teor do documento. Ainda informou que ‘não fala sobre o PCC para não valorizar a organização criminosa’.
Enquanto a PM desconhece o estatuto, o PCC deixa bem claro: ‘Vida se paga com vida e sangue se paga com sangue’.
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