Seguidores

caveiras contadoras

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O celular perdido


    "Quem parte desse mundo, deseja paz e descanso, sendo algo à ser respeitado.
    Quando alguém rompe essa condição, pode ser avisado de uma forma menos esperada e até assutadora."
    O Relato a seguir mostra essa situação!

     Eu nunca acreditei em assombrações.
Doravante, por via das dúvidas, não vou mais duvidar.

    Aconteceu algo inusitado comigo e para o qual não encontro explicação.
     No dia 14/11/2009 fui ao funeral de um amigo no Cemitério da Quarta Parada em São Paulo [Coordenadas GPS: Latitude / Longitude = 23°32'48.53"S, 46°34'53.76"W].
Passei a noite inteira no velório. O enterro estava marcado para às 10:00 horas da manhã.

    Naquela hora chovia torrencialmente e o enterro teve um atraso de mais de uma hora.
    Era um sábado e às 14:00 horas eu já estava em casa.
    Quando cheguei, tudo o que eu queria era tirar uma soneca depois de uma noite inteira sem dormir, mas, de repente, me deu um estalo e resolvi, antes, ligar para um amigo de Araraquara para comentar o acontecimento e saber se ele se lembrava do Valter.
    O telefone dele estava gravado no meu celular que deveria estar no bolso de minha camisa, mas não estava.
Fui ao carro, vasculhei tudo e não o encontrei. Estranho.
    Eu tinha certeza que eu tinha levado meu celular comigo quando fui ao enterro. Eu nunca saio sem ele. Perguntei a minha mulher se ela sabia onde estava:
    - Eu não sei, querido, mas é muito fácil saber. Ligue para o número de seu celular e assim que você ouvir aquela música que dói nos ouvidos você logo o terá de volta.
    O meu celular tocava com uma das minhas músicas favoritas, o mundialmente famoso movimento chamado Ode à Alegria da Nona Sinfonia de Beethoven.
    Minha mulher o odeia. Para ela soa como aquela antiga e irritante música do caminhão de gás, ‘Para Elise' do mesmo Beethoven. Liguei para meu celular do meu telefone fixo e nada.
    Peguei o celular de minha esposa e fui até o carro e nada. Não é possível, pensei, será que perdi meu celular no velório. Pode ser. Eu passei a noite inteira lá.
     Andei dando uns cochilos e ele pode ter caído do meu bolso.
Resolvi voltar ao Quarta Parada para dar uma olhada enquanto era tempo. Peguei o celular de minha esposa e a avisei.
     - Você deve estar brincando, amor, você vai voltar lá por causa de seu celular? Se você o perdeu, basta você ligar para a operadora e cancelar o número.
     - Querida, aquilo não é apenas um celular! É uma agenda!
     Ele contém os números de telefones e endereços de amigos, conhecidos, prestadores de serviços e de todos os meus clientes. Aquele celular é minha vida, dá para entender?
     - Eu acho é que você não quer perder os números de telefones das mulheres que tem lá, isso sim!
     Nervoso com a observação da minha esposa, bati a porta e saí.
     Estava tão irritado que cheguei ao cemitério em menos de meia hora, do Grajaú até o Brás.
     A sala onde meu amigo tinha sido velado já estava ocupada por um novo defunto e cheia de gente.
     Eu entrei, parei diante da cabeceira do caixão e me detive por alguns segundos, tempo suficiente para apertar o botão ‘redial' do celular de minha esposa dentro do bolso da minha calça.
     E nada do Beethoven.
     Fiz o sinal da cruz e sai.
     Logo em seguida, comecei a rir de mim mesmo.
     Sou um idiota mesmo, se o celular estivesse perdido na sala do velório já era.
     Hoje em dia não perdoam nada.
     Já vi gente se debruçar sobre o morto em prantos por mais de um minuto e, quando se levanta e vai embora, vai embora também o anel de ouro que estava no dedo do falecido. Vocês sabem como é, quando a gente fica invocado com a perda de alguma coisa e não sossega até encontrá-la.
     Fiquei perambulando pelo local e olhando para o chão e, de repente, outro estalo.
     Espera aí, eu ajudei a carregar o caixão e me debrucei sobre ele para jogar um pouco de terra enquanto ele descia à cova, e se meu celular caiu do meu bolso na cova naquele momento e não percebi?
     Fui a passos apressados até o túmulo do meu amigo.
     Chegando lá, peguei o celular e minhas mãos tremiam.
     Senti aquele frio na barriga.
     Disquei meu número e, então, ouvi Beethoven bem de longe, como se estive no céu.
     Olhei em volta para ver se não estava sendo observado, subi no túmulo, deitei sobre ele, encostei o ouvido na lápide e disquei de novo. Era minha Ode à Alegria de Beethoven, meu celular, enterrado com meu amigo!
     Incrível! No carro de volta para casa pensei: "Quem teria coragem de pedir à família de um amigo falecido para abrir o túmulo só para pegar um celular?"
     Eu não tinha. Já fiz coisa pior, mas isto eu não tinha coragem de fazer.
     O problema é que eu tinha pela frente um enorme e cansativo trabalho.
     Refazer toda minha agenda.
     Pelo menos, meu celular não caiu em mãos alheias com todas aquelas informações armazenadas nele. Resolvi não contar nada para minha esposa.
     - E aí, recuperou os telefones da mulherada?
     - Para com isso, Célia! Isso não é brincadeira. Devo ter perdido o celular no velório e nestas alturas já deve estar sob nova direção.
     - Já ligou para operadora para cancelar o número?
     - Já liguei, mas isso é o de menos. O difícil é recuperar todos aqueles dados armazenados durante anos e anos. E se meu celular caiu na mão de alguém de má-fé? Já pensou?
     - Está com medo que alguém vá ligar para sua mulherada?
     Eu odeio estas tiradas da Célia e odeio também mentir para ela.
     O correto era mesmo cancelar o número imediatamente.
    Já pensou quando o pessoal começasse a me procurar e meu celular tocasse lá no cemitério sem parar?
     Ficava, sarcasticamente, imaginando: Já pensou se alguém passando pelo túmulo de meu amigo, além da música, pudesse ouvir a mensagem gravada "‘Aqui é o Bernardo. Não posso atender neste momento. Deixe um recado após o sinal. Retornarei sua ligação o mais breve possível"?
     Na verdade, o mais óbvio e mais sério a fazer era, simplesmente, comprar outro celular para o mesmo número, justamente para receber ligações, pois muita gente tinha o meu número e, ao receber ligações, eu começaria a refazer minha agenda. Mas eu dei uma de moleque mesmo.
     Ser humano é assim mesmo, sórdido às vezes.
     Eu queria voltar ao cemitério para ouvir meu celular tocando lá no fundo da tumba de meu saudoso amigo.
     Era só curiosidade, com todo respeito e irresponsabilidade. Liguei para a operadora e pedi para que o endereço da conta do meu celular fosse transferido para a empresa onde trabalho no Jabaquara.
     Na segunda-feira, comprei outro celular com um novo número e, para desespero da Célia, instalei nele a Ode à Alegria da Nona Sinfonia de Beethoven.
     Comecei a ligar para as pessoas. Uma delas me perguntou:
     - Perdeu seu celular?
     - Não, é que já faz algum tempo que venho recebendo trotes no meio da noite.
     Perdi a paciência e minha operadora sugeriu que eu trocasse de número.
     Odeio mentir para os outros, mas menti. E fui matar minha curiosidade.
     Duas semanas depois, numa tarde de quinta-feira, sai mais cedo do trabalho e fui ao Quarta Parada.
     Depositei flores no túmulo e falei com meu amigo:
     "Querido amigo Valter, perdoa-me se estou perturbando o seu descanso".
     Disquei meu número e ouvi de novo, vindo lá do fundo, o meu Beethoven.
     É muito chato dizer isto, mas, na verdade, fiquei feliz ao ouvir meu celular tocando.
     Não sou técnico em nada e fiquei pensando quanto tempo leva para descarregar a bateria de um celular num ambiente fechado, sem oxigênio.
     Nunca procurei saber. Era cedo para voltar para casa.
     A Célia ia desconfiar.
    Sentei no túmulo, esperando o tempo passar, vendo gente passar. Depois de meia hora, passou um sujeito baixinho, com o corpo arqueado, com cara de coveiro. Eu interpelei-o:
     - O senhor trabalha aqui?
     - Sim sinhô.
     - É coveiro?
     - Sim sinhô.
     - Eu queria te fazer uma pergunta.
     - Sim sinhô.
    - O senhor já viu ou ouviu coisas estranhas aqui no cemitério?
     -Sim sinhô.
     - Por acaso, ao passar em frente deste túmulo, já ouviu música tocando?
     - Não sinhô.
     - Que tipo de coisa o senhor já ouviu, então?
     - Muita coisa.
     - Vozes de pessoas mortas?
     - Sim sinhô.
     - Já ouviu vozes de mortos perto deste túmulo?
     - Sim sinhô.
     - Onde mais o senhor ouviu vozes dos mortos?
     - Aqui, no Cemitério da Vila Formosa e no Cemitério do Carmo.
     - O senhor trabalhou nestes três cemitérios?
     - Sim sinhô.
     - Não tem medo das vozes?
     - Não sinhô.
     - Há quanto tempo o senhor é coveiro?
     - 40 anos.
     - Qual foi a coisa mais estranha que o senhor já ouviu aqui no Quarta Parada?
     - Foi alguns índio pedindo prá pará de enterrá gente no cemitério deles.
     - Como o senhor sabe que eram índios?
     - Porque eles diz que se não pará eles vão metê flechada na gente.
     - Ouviu uma vez só?
     - Escuto eles reclamá todos os dias.
     - Música o senhor nunca ouviu?
     - Não sinhô.
     - Nem telefone tocando ou gente falando como se estivesse telefonando?
     - Não sinhô.
     Fiquei com dó do humilde e paciente coveiro.
      Resolvi não perturbá-lo mais com perguntas e fui embora.
     No carro de volta para casa, fiquei pensando na história dos índios reclamando e tive outro estalo.
     No dia seguinte, na hora do almoço na empresa, liguei para o Departamento de Arqueologia da USP:
     - Boa tarde, por acaso vocês têm algum tipo de registro arqueológico no Cemitério da Quarta Parada no Brás?
     - Temos, sim. O que o senhor gostaria de saber?
     - O que foi encontrado lá?
     - Urnas funerárias utilizadas por índios ceramistas.
     - Então lá era um cemitério de índios?
     - Sim.
     - Qual é data do achado?
     - É de aproximadamente 8 séculos.
     - Onde posso ver essas urnas?
     - No Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo.
     Fiquei assombrado com a informação que recebi.
     É claro que eu não acreditava no que o coveiro disse, mas também não acreditava que ele tivesse conhecimento daquele achado arqueológico. Eu não sabia disso.
     Acho que pouca gente sabe. Certamente, o coveiro deve ter ouvido alguém dizer que ali fora um cemitério indígena.
     Sete meses depois, eu já estava com minha agenda quase totalmente refeita.
     Nunca mais voltei ao túmulo de meu amigo, nem no dia dos finados.
     Mas confesso que algumas vezes liguei para meu celular para ouvi-lo tocar e cantar:
     Alegre, formosa centelha divina, Filha do Elísio, Ébrios de fogo entramos, Em teu santuário celeste! Tua magia volta a unir, O que o costume rigorosamente dividiu. Todos os homens se irmanam. Ali onde teu doce voo se detém.
     Cada vez que eu ouvia aquele coro maravilhoso vindo da cova de meu amigo eu ficava todo arrepiado.
     Mas já fazia cinco meses que não ouvia meu celular tocar quando ligava. Acho que a bateria descarregou de vez.
     Há um mês atrás, num sábado à noite, eu e a Célia estávamos sentados na poltrona vendo televisão.
     Tínhamos programado assistir a um filme antigo que marcou muito nossa fase de namoro.
     Passavam das onze e, de repente, o meu celular tocou.
     A Célia, irritada com o meu Beethoven e com a interrupção, bufou e resmungou:
     - Quem pode ser numa hora destas?
     Eu tinha deixado meu celular no meu quarto no segundo andar.
     Corri para atender, mas não deu tempo. Quando atendi já tinham desligado.
     Desci com ele para a sala no caso de ele voltar a tocar, mas não tocou mais.
     No meio da semana seguinte, na empresa, estava verificando as ligações recebidas no meu celular e quase tive um infarto.
     Estava lá registrada uma ligação, vinda do número do meu celular cujo aparelho ficou enterrado na cova de meu amigo, no sábado, dia 14 de Novembro de 2009.
     Quase desmaiei. Meus colegas de trabalho perceberam que eu estava pálido e trataram de me acudir.
     Eu não estava sentindo-me bem e resolvi ir embora para casa. No dia seguinte, na empresa, liguei para minha operadora e perguntei:
     - A senhora poderia verificar se houve alguma chamada feita a partir do meu celular número xxxxxxxx no sábado, dia 14 de Novembro?
     - Claro, um momento, por favor. Sim, há uma chamada feita do seu celular número xxxxxxxx, no dia 14 de Novembro de 2009, às 23:27, com duração de 9 segundos. Algo mais?
     Eu estava trêmulo e gaguejando.
     - Algum problema, senhor?
    - Não. A senhora pode dizer-me de onde foi feita esta chamada?
     - De São Paulo, senhor. Por acaso o senhor perdeu o seu celular?
     - Não, não perdi.
     - O senhor acha que não foi o senhor que faz esta chamada?
     - Não, não fui eu.
     - Tem certeza que alguém da sua família não usou o seu celular?
     - Não, o celular está sempre comigo.
     - Pode ser que seu número foi clonado. Quer abrir um protocolo de investigação?
     - Não, não é preciso. A senhora pode dizer-me exatamente de onde partiu esta ligação, quero dizer, de qual bairro de São Paulo?
     - Não tenho como informar, senhor.
     Entre em contato com nossa central no número 0800xxxxxxxx ou então com nossa Ouvidoria no número xxxxxxxx.
     Talvez eles possam ajudá-lo. Eu estava assustado, com insônia e a Célia estava preocupada:
     - Algum problema no trabalho, amor?
     Menti mais uma vez para a Célia:
     - Um colega de trabalho morreu assassinado e eu fiquei um pouco abalado. Isso vai passar.
Depois de falar com muitos departamentos e funcionários da minha operadora, finalmente encontrei a pessoa certa que poderia me ajudar:
     - Para que o senhor quer esta informação?
     - Por favor, acredite-me, é importante para mim. Não se trata do aspecto financeiro. É algo sigiloso. Só posso falar pessoalmente.
     Após insistir muito, consegui um encontro pessoal com um diretor da operadora.
     - Sr. Bernardo, o senhor está envolvido com algum problema com a polícia ou coisa parecida?
     - Não, de forma nenhuma.
     - Normalmente, só a polícia federal nos pede este tipo de informação. Qual é o seu verdadeiro problema?
     Menti. Inventei outra história.
     - Por favor, mantenha sigilo absoluto. É um problema com minha ex amante que quer acabar com meu casamento.
     Esta tentativa de ligação de apenas 9 segundos pode ter sido uma provocação dela.
     Tudo o que eu preciso saber é de onde partiu a ligação.
     Não precisa dar-me endereço ou número de casa. Só preciso saber o bairro.
     - Sr. Bernardo, sua história é muito estranha.
     Este seu celular não faz ligações há mais de 7 meses.
     Só tem esta ligação do dia 14 de Novembro de 9 segundos.
     O celular está em seu nome e a fatura vai para a empresa onde o senhor trabalha.
     Agora o senhor está dizendo-me que deu seu celular para sua ex amante.
     O senhor não está se metendo em alguma confusão?
     - Não, não, por favor, não entenda-me mal.
     Eu só preciso saber de onde veio esta ligação, nada mais. Eu não quero o endereço de ninguém.
     Não quero encontrar-me com minha ex amante. Só quero saber de onde partiu a ligação.
     Pode ser que o meu celular nem mais esteja com ela. Pode estar nas mãos de outra pessoa.
     - Sr. Bernardo, Sr. Bernardo. Por mais estranha que seja sua história, eu confio no senhor.
     O senhor me parece ser uma pessoa honesta, com boas intenções, e está sofrendo com isso.
     Só me diga uma coisa. Depois que o senhor souber de onde veio a ligação o que o senhor pretende fazer, honestamente?
     - Agora mesmo assino um pedido de cancelamento desta linha. Antes mesmo de saber o lugar da ligação.
     - Está bem, Sr. Bernardo, mas não vá se meter em confusão, está bem?
     - Sim, prometo.
     - Sr. Bernardo, a ligação partiu de dentro do Cemitério da Quarta Parada.
     Eu quase caí da cadeira. Tentei ficar calmo, mas o diretor olhou-me desconfiado.
     - O que é que foi, Sr. Bernardo?
     Esforcei-me para recompor-me e consegui controlar-me e relaxar. Esbocei um ar de quem tem bom senso de humor e perguntei sem gaguejar:
     - Dentro de um cemitério? Não acredito!
     - Por que não?
     - Por que alguém, seja lá quem for, minha ex amante ou outra pessoa qualquer, iria entrar num cemitério às 11 horas da noite para fazer uma ligação para minha casa e ainda desligar na minha cara na hora que eu atendo e depois não ligar mais. Não dá para entender, não dá para acreditar.
     - Sr. Bernardo, sinceramente, eu não sei qual é o seu problema, mas acho que o senhor é bem esperto para saber que muita coisa acontece num cemitério à noite.
     Ladrões roubam lápides de mármore e metais, abrem túmulos, abrem caixões para roubar joias e objetos de valor dos cadáveres, até dentes.
     Muitos ladrões se reúnem em cemitérios à noite para planejar assaltos, para fazer ligações de celulares para presídios. Não me venha dizer que não sabe destas coisas.
     Depois dessa conversa com o diretor da minha operadora, cancelei aquela linha de telefone celular, contei toda a verdade para a Célia, parei de mentir para ela e para os outros, tirei a minha gloriosa Ode à Alegria da Nona Sinfonia de Beethoven do meu atual telefone celular e só regravei a mensagem: Aqui é o Bernardo.
     Não posso atender neste momento.
Deixe um recado após o sinal. Retornarei sua ligação o mais breve possível.
     Minhas saudações para o ano que começa.
     Quem já conseguiu o maior tesouro, De ser o amigo de um amigo, Quem já conquistou uma mulher amável, Rejubile-se comigo!
     Sim, mesmo se alguém conquistar apenas uma alma,
Uma única em todo o mundo. Mas aquele que falhou nisso.
Que fique chorando sozinho! Mas não perturbe o descanso dos mortos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ULTIMAS POSTAGENS

Postagens populares

Seguidores

Total de visualizações de página

Arquivos do blog

A TERRA E A LUA AGORA

Minha lista de blogs